terça-feira, 29 de junho de 2010

Felicidade de jornalista

Hoje foi mais um dia daqueles em que eu fui pra TV feliz, leve, com a sensação de que tudo na minha vida dá certo e com a certeza de que sou feliz. Simples assim...
E é claro que todo esse sentimento positivo tem os seus motivos.
Um deles foi o fato de ontem eu ter feito um dos melhores jornais da minha vida. Sabe quando tudo, absolutamente tudo, fica do jeito que você imaginou? As notícias, as imagens, os textos. Cada palavra certa no lugar certo. Cada trilha certa no trecho exato do VT. Até as cores pareciam estar mais vivas! Jornal redondo. Amarrado. Destes que a gente começa a ver e não quer mais parar.
O melhor de tudo é perceber que o trabalho bem feito é resultado do esforço, do entrosamento, do entendimento de toda uma equipe comprometida, competente, que joga a favor. E que comemora a cada gol, a cada ponto de audiência.
Terminou o jornal, cheguei em casa, tive uma recepção calorosa e cheia de carinho. Dormi deliciosamente. Acordei, li os jornais, assisti ao jogo, a alguns telejornais. Segui pra TV ouvindo os noticiários de rádio que tanto gosto: ágeis, completos, repletos de notícias.
Cheguei à redação cheia de idéias, encontrei a equipe, que também estava cheia de idéias. Sentei na frente do computador satisfeita, criativa, feliz. Simples assim...

sexta-feira, 25 de junho de 2010

A visitante

Saudade pesa.
Saudade dói.
Saudade passa.

Saudade vai.
Saudade volta.
Saudade vai-e-volta.

Saudade invade.
E evapora.

Vem visitar.
E vai embora.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Problema de uma mãe-jornalista. Ou de uma jornalista-mãe

Eu me arrumava para ir para a TV. Recebi um telefonema do meu filho, de um outro número de celular que não era o dele. Imediatamente perguntei: "Cadê o seu celular?" "O professor confiscou", ele respondeu. "E só vai entregar pra você", completou. Suspirei. E comecei a correr pra ir buscar o Gabriel e o celular dele na escola, antes de almoçar correndo, pra ir trabalhar também correndo. Ai, meu Deus, porque tudo na minha vida é "correndo"? Paciência. Lá fui eu.

Cheguei à escola, lá estava o Gabriel, com aquela carinha que ele faz desde bebê, de menino sapeca e carismático, que a gente olha e não sabe se dá uma bronca daquelas, ou se aperta as bochechas e enche de beijos. Mas, enfim, ele estava com aquela cara de quem aprontou, e eu com aquela cara de mãe apressada. A coordenadora do ensino médio se apresentou -- sim, o Gabriel tem 15 anos -- e me convidou pra ir à sala dela. E o Gabriel com aquela mesma cara. E eu evitava olhar pra ele, com medo de cair na risada na frente da coordenadora com cara de brava.

Entrei na sala dela, expliquei que estava atrasada e pedi, por favor, para ela ser breve. Resumindo bem o sermão: o Gabriel estava assistindo ao jogo de Portugal contra a Coréia do Norte, no celular, do lado de fora da sala. Até aí, tudo bem. Afinal, comprei o celular pra isso mesmo (o Gabriel é fanático por futebol). Só que, a cada gol de Portugal, ele corria para a janela da outra classe e mostrava o celular, com a repetição do gol, para os colegas que ainda estavam em aula. Detalhe: foram sete gols! É claro que ele foi flagrado pelo professor, que pegou o celular e o resto vocês já sabem.

Voltando à coordenadora: ela disse que o meu filho tumultuou a aula alheia e por isso teve o celular recolhido. O Gabriel ouvia tudo, com aquela expressão meio-contrariada-meio-orgulhosa. E eu ouvia tudo e devia estar com a mesma expressão dele. Ela continuou, disse que adora o meu filho, que ele é um ótimo aluno, educado, inteligente... mas levado. Mas e as notas baixas em física? Perguntei, como uma mãe preocupada. Ela disse então que a escola disponibiliza para os alunos um plantão de dúvidas de física, diariamente, das duas às quatro da tarde. Bingo! Decidi que o Gabriel iria ao tal plantão. Mas, imediamente, rápido como sempre, ele mandou: "nem morto! Não vou perder os jogos das três e meia!" Meu Deus, que vontade de rir! É claro que percebi que até a coordenadora-com-cara-de-brava segurou a risada.

Bem, com muita pressa, adverti o Gabriel, pedi desculpas, agradeci e me despedi correndo, atrasada. Mas quando entramos no carro... explodimos em risadas. Eu e meu filho levado. E fanático por futebol. Que sabe tudo, absolutamente tudo, sobre a Copa do Mundo. E que fez todas as apostas pra mim no bolão da TV e me deixou em primeiro lugar! Que lê todos os cadernos de Esportes de todos os jornais. Mas que também gosta de política e tem a opinião dele formada, que nem o avô consegue mudar.

E que é inteligente, educado, ótimo aluno...mas levado. Tudo isso, veja bem, segundo a própria coordenadora. E que faz aquela mesma carinha de quando era bebê e aprontava algo errado, mas sempre engraçado. A mesma carinha de quando tinha cinco anos e eu fui chamada à escola dele pra ouvir a seguinte reclamação: "O Gabriel fica correndo atrás das meninas, chamando as meninas de gostosas no recreio".

Esse é o Gabriel. Voltando ao caso de hoje, é claro que depois das risadas, dei uma bronca, só pra não passar em branco. Mas é claro também, que quero que ele seja assim... pra sempre!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Adeus, mestre

Filho de analfabetos. E Prêmio Nobel de Literatura. Integrante do Partido Comunista Português. E um dos maiores vendedores de livros do mundo. Características contraditórias, que marcam a personalidade e toda a genialidade de José Saramago.
Hoje, a cultura ficou mais pobre. A literatura menos brilhante. A política menos coerente. Os leitores órfãos. E o mundo...mais triste.
Fervoroso ateu e crítico da religião, declarou que sem a Bíblia, seríamos pessoas seguramente melhores. Mas, ao mesmo tempo, era considerado fascinante pela Igreja.
Genial, polêmico, comunista, intelectual, popular, pioneiro. Dono de palavras únicas. E frases fortes. José Saramago vai. Mas a morte dele fica. Forte, eterna... imortal.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Ponto

Ponto final, ponto final, ponto final. E não pense que a repetição dos pontos finais significa reticências. Não me venha com ponto e vírgula, nem vírgula, muito menos com travessão. Não quero dialogar. Ponto final. E ponto.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Do Nada ao Tudo - O fascínio do fechamento

Pela primeira vez na minha vida jornalística, tive de pensar e fechar um jornal sem poder focar, de forma direta e factual, o assunto do dia, da semana, do mês. Em São Paulo, no Brasil, no Mundo. As vuvuzelas fazendo barulho na janela de casa, no meu ouvido, na minha cabeça, todos à minha volta dançando ao ritmo da vuvuzela, e eu junto com a minha equipe, tendo de fazer um jornal inteirinho contornando e dando voltas em torno da Copa do Mundo, sem poder ir direto ao ponto, sem poder chutar direto pro gol. Sem poder mostrar a goleada da Alemanha, ou os gols pífios da Itália e do Paraguai. E agora? Como fechar um jornal sem poder mergulhar na notícia do dia? Repeti essa pergunta inúmeras vezes ao longo de alguns dias, pra mim mesma, pra minha cabeça, pro meu sangue de jornalista.
Mas, de repente, entra em cena um dos lados mais fascinantes do jornalismo e do trabalho diário na redação: alguns fatos já existem, outros fatos surgem. E assim, do nada, os fatos novos, curiosos, intrigantes, foram surgindo. Já que não temos muito o que fazer com o grande fato, que já existe, vamos dar corda e enxergar os vários lados dos fatos que foram aparecendo. E assim, de descoberta em descoberta, de informação em informação, de notícia em notícia, o jornal foi desenhado. Com apurações e dados concisos, enfoques criativos, imagens buriladas e escolhidas literalmente a dedo.
E o jornal foi ao ar com todas as informações que realmente interessavam sobre a Copa do Mundo. Não faltou nada. E com outras, que só nós demos. Foi tudo uma questão de abordagem diferente, de um outro olhar sobre a notícia.
Esse é o fascínio do trabalho diário na redação. No início do dia, não há nada. No final do dia, há tudo.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Eu queria ter escrito esse texto!

O post abaixo é do blog "Escrivinhador", do jornalista e amigo Rodrigo Vianna: http://www.rodrigovianna.com.br/
Humor inteligentíssimo, de quem sabe muito bem o que diz!

Acompanhar a velha imprensa brasileira é sempre uma forma de melhorar o humor. Muitos jornalistas se dedicam à comédia, mas quase sempre de forma involuntária.
Primeiro foi o comentário de um "analista econômico" no "Jornal da Globo", a alertar contra os perigos do crescimento econômico. PIB em alta é um perigo! Pra quem? Pra Globo, que vai perder a eleição abraçada ao Serra. He, he. Eles se superam. Vejam aqui o que o Azenha publicou sobre isso - http://www.viomundo.com.br/humor/pib-de-9-surto-demonstra-que-economia-do-brasil-esta-doente.html.
Agora, mais um pouco de humor. A "Folha" publica um "erramos" imperdível. Vejam:
Diferentemente do publicado em "Dilma diz que antes de Lula Brasil estava 'funhanhado'" (Poder - 08/06/2010-12h02) o valor do empréstimo internacional adquirido na época do governo FHC foi de US$ 38 bilhões e não de US$ 38 milhões. A petista também disse "funhanhado" e não "afunhunhado". O texto foi corrigido.
O jornal errou por uns bilhõezinhos de dólares. Mas achou um jeito de disfarçar o erro, corrigindo uma informação fundamental para o Brasil e o Mundo: Dilma disse "funhanhado", e não "afunhunhado".
Ah, bom. Que susto!
Agora, posso dormir tranquilo na África do Sul.
Só uma pergunta: FHC deixou o Brasil "funhanhado" ou quebrado?

terça-feira, 8 de junho de 2010

Em silêncio

Coração apertado. Olhar perdido. Afastamento compulsório. Se pudesse escolher, ela o deixaria por perto pra sempre. Mas não podia. A escolha não era dela. Então, tinha de se afastar. Ele estava indo embora. Pra outra vida, pra outro lugar, pra outra história. Era o adeus agudo. A dor aguda. A separação aguda. E silenciosa. Mas mesmo com o coração apertado, o olhar perdido, o afastamento compulsório, ela não se permitia chorar. Agüentaria o tranco. Em silêncio. Porque sabia que ia passar.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Pra você guardei o amor

Letra e música perfeitas! Lindo, lindo, lindo! Amo, amo, amo o Nando Reis! Todo mundo tem que ler essa letra e ouvir a melodia na voz do Nando Reis...

Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir

Pra você guardei o amor
Que sempre quis mostrar
O amor que vive em mim vem visitar
Sorrir, vem colorir solar
Vem esquentar
E permitir

Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar

Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei
Vendo em você
E explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar

Pra você guardei o amor
Que aprendi vendo meus pais
O amor que tive e recebi
E hoje posso dar livre e feliz
Céu cheiro e ar na cor que arco-íris
Risca ao levitar

Vou nascer de novo
Lápis, edifício, tevere, ponte
Desenhar no seu quadril
Meus lábios beijam signos feito sinos
Trilho a infância, terço o berço
Do seu lar

Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei
Vendo em você
E explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar

Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir

Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar

Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei
Vendo em você
E explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Pessoas com cores e sobe-sons

Eu estava na redação, na correria de mais uma tarde frenética. Daquelas. Tocou o celular. Do outro lado da linha, Desirée Brant, a moça do tempo, a melhor meteorologista que conheço. Empenhada, competente, interessada. E empolgada. Sempre, sempre muito empolgada. Adivinha só? "Eu fui ao lançamento do livro do Paulo Galvão"! Jura?? Sim, ela jurou. Estava demais, sucesso absoluto, cheio de gente. Jornalistas, amigos, colegas, ouvintes, fãs. Fiquei feliz por ele, por ela, triste por mim novamente, pela minha ausência, mas a tristeza passou - de novo. Afinal - de novo - não foi a primeira vez que perdi um evento imperdível. E veio a alegria, a satisfação, a empolgação por estar falando (assim mesmo, no gerúndio), naquele exato momento conturbado, cheio de cortes secos, com uma pessoa tão querida, tão alto-astral, tão amiga. Mesmo sendo bem rápido, afinal, eu estava no meio do fechamento. Ela quis imaginar qual seria o tamanho do escândalo que faríamos caso nos encontrássemos lá. Sim, porque a Desirée, assim como eu, não consegue conter qualquer tipo de alegria, nem que seja por um segundo. Acho que também por isso gosto tanto dela.
Sempre tive dificuldade para lidar com pessoas muito contidas. Muito racionais. Ou meio mornas. É que gosto de gente. De gente que fala, que ri, que chora, que briga, que abraça, que olha nos olhos, que enfrenta, que consola. Que se preocupa. A verdade é que adoro um drama. Adoro a mistura inexistente, inusitada e até improvável de Shakespeare com Jorge Amado. De Gabriel García Márquez com Lygia Fagundes Telles. Magia, relacionamento, mistura de gente, intensidade, teatro, platéia. Descobri muito cedo que é bem mais fácil viver assim. De verdade. E gosto das pessoas assim. Que se emocionam, vibram e fazem barulho.
Aliás, no paralelo que sempre faço entre a vida e a TV: é muito mais gostoso assistir a um VT cheio de imagens coloridas, edição repleta de efeitos, sonoras fortes e sobe-sons, muitos sobe-sons. VTs assim atraem mais as pessoas. Pessoas assim atraem mais as pessoas.
(Ah, voltando à minha prima Desirée, prometemos que vamos nos encontrar em breve. Só precisamos, adivinha...encontrar um tempinho.)

terça-feira, 1 de junho de 2010

Ou lá, ou cá. Não tem jeito

Na correria do dia-a-dia jornalístico e televisivo, a adrenalina é boa, mas muitas coisas também boas acabam ficando pra trás. Hoje um velho amigo lança um livro, na Saraiva do Shopping Ibirapuera e eu, mais uma vez, estarei ausente. Ou melhor, não estarei. Adoraria passar lá, encontrá-lo, conversar, pegar autógrafo, perguntar da vida, do trabalho na Band, do casamento, das filhas, das madrugadas na redação, etc, etc, etc. Mas...fica pra próxima.
E assim vou seguindo a vida de jornalista de jornal de fim de noite: deixando muitos encontros e reencontros pra próxima. Que fique bem claro que isso não é uma reclamação. Adoro o que faço, me realizo e me divirto na redação, no jornal, nas ilhas, no switcher. Tenho certeza de que não sei mesmo fazer outra coisa e que muitos dos momentos mais felizes que passei na vida foram exatamente nesse ambiente jornalístico-televisivo. Mas, voltando: é uma constatação. É a prova, a certeza, de que não podemos mesmo ter tudo. Por mais que a gente tente, corra, se duplique, se multiplique, crie multifacetas e estratégias mil, não podemos ter tudo. Ou estamos fechando jornal, para levar o telespectador pra cama bem informado, ou estamos no lançamento do livro do grande amigo.
Ainda bem que ele entende. Ele também é jornalista.
Boa sorte, querido amigo Paulo Galvão, um dos colegas mais companheiros e éticos que já tive.
Assim que tiver tempo, vou comprar seu livro e, quem sabe, a gente marca um almoço, ou um café rápido pra você autografar.
Agora deixa eu correr, que já estou atrasada.