quarta-feira, 7 de julho de 2010

Adoro um amor inventado

Amor inventado, amor temperado, amor diferente, amor exclusivo, amor exagerado. Se não for assim, não tem graça. Não toca, o coração não dispara, os olhos não brilham, a respiração não falta. Se não for assim, não é de verdade. As palavras não fluem, a poesia não nasce, a chuva não inspira, o sol não alegra, as lágrimas não dóem, o sorriso não ilumina.
Amores inventados são sempre inéditos. Todos os dias, em todos os momentos. Com a mesma pessoa. Que é uma pessoa diversa. A cada beijo, a cada som, a cada declaração de amor...inventado.
Viva o amor inventado. Exagerado. Tranqüilo. Com sabor de fruta mordida. De codinome Beija-flor. Sim, vou sempre encher a sua bola com todo o meu amor!...

(Obrigada pelos versos sinceros que você nos deu de presente, Cazuza.)

terça-feira, 6 de julho de 2010

Momentos

Café fresquinho, cheirinho de manhã gostosa de inverno com sol. Banho quente. Festa de cãozinho de estimação. Beijo de filho. Companhia de filha. Música gostosa. Comentários engraçados. Trânsito leve de férias. Risadas. Rua arborizada. Matrícula no francês. Passeio com filha. Capuccino com filha. Almoço cheio de histórias do avô de noventa anos. Biscoitos, chocolates, frutas. Volta pra casa. Jornal. Batom, perfume, salto. TV. Colegas brilhantes. Divertidos. Café com amigo. Idéias, idéias, idéias. Jornal redondo. Soninho. Casa. Banho. Cama. Dia perfeito!...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

De olhos bem abertos!

É incrível como alguns políticos são tão caras-de-pau, mas tão caras-de-pau, que nos deixam quase sem palavras. Também é incrível como alguns políticos ainda usam formas tão antigas, mas tão antigas de se comunicar e ainda convencem.
Sobre o primeiro caso, assistia a uma entrevista de um desses tipos numa noite dessas, num programa de muita qualidade na TV aberta, comandado por um dos melhores jornalistas do País na minha suspeita opinião. O político em questão falava de forma cínica, sorrindo a todo momento, como se "tirasse um sarro" não só do entrevistador, mas de todos nós, que acompanhávamos a conversa.
Fez tantas declarações falsas, sem conteúdo algum e inacreditáveis, que chegou a me deixar constrangida por ele. Embora ele mesmo não demonstrasse nenhum constrangimento. Entre outras coisas, fez comentários até mesmo desrespeitosos sobre o presidente da República. Disse que Lula é um animador de auditório e que o Bolsa Família não foi criado no atual governo. Outra: nos últimos quinze anos, as condições de vida da população brasileira estiveram melhores num outro momento, não no atual. Tudo isso, sempre sorrindo, sorrindo muito. Estranho.
Mas o mais estranho, o mais estranho mesmo é o fato de esse senhor ser senador, ter um grande espaço num grande partido e, ainda por cima, por muito pouco, quase ter sido candidato a um importante cargo executivo no País. Não tão importante quanto o Senado, é claro. Vamos abrir os olhos! Foi dada a largada para a campanha eleitoral!

terça-feira, 29 de junho de 2010

Felicidade de jornalista

Hoje foi mais um dia daqueles em que eu fui pra TV feliz, leve, com a sensação de que tudo na minha vida dá certo e com a certeza de que sou feliz. Simples assim...
E é claro que todo esse sentimento positivo tem os seus motivos.
Um deles foi o fato de ontem eu ter feito um dos melhores jornais da minha vida. Sabe quando tudo, absolutamente tudo, fica do jeito que você imaginou? As notícias, as imagens, os textos. Cada palavra certa no lugar certo. Cada trilha certa no trecho exato do VT. Até as cores pareciam estar mais vivas! Jornal redondo. Amarrado. Destes que a gente começa a ver e não quer mais parar.
O melhor de tudo é perceber que o trabalho bem feito é resultado do esforço, do entrosamento, do entendimento de toda uma equipe comprometida, competente, que joga a favor. E que comemora a cada gol, a cada ponto de audiência.
Terminou o jornal, cheguei em casa, tive uma recepção calorosa e cheia de carinho. Dormi deliciosamente. Acordei, li os jornais, assisti ao jogo, a alguns telejornais. Segui pra TV ouvindo os noticiários de rádio que tanto gosto: ágeis, completos, repletos de notícias.
Cheguei à redação cheia de idéias, encontrei a equipe, que também estava cheia de idéias. Sentei na frente do computador satisfeita, criativa, feliz. Simples assim...

sexta-feira, 25 de junho de 2010

A visitante

Saudade pesa.
Saudade dói.
Saudade passa.

Saudade vai.
Saudade volta.
Saudade vai-e-volta.

Saudade invade.
E evapora.

Vem visitar.
E vai embora.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Problema de uma mãe-jornalista. Ou de uma jornalista-mãe

Eu me arrumava para ir para a TV. Recebi um telefonema do meu filho, de um outro número de celular que não era o dele. Imediatamente perguntei: "Cadê o seu celular?" "O professor confiscou", ele respondeu. "E só vai entregar pra você", completou. Suspirei. E comecei a correr pra ir buscar o Gabriel e o celular dele na escola, antes de almoçar correndo, pra ir trabalhar também correndo. Ai, meu Deus, porque tudo na minha vida é "correndo"? Paciência. Lá fui eu.

Cheguei à escola, lá estava o Gabriel, com aquela carinha que ele faz desde bebê, de menino sapeca e carismático, que a gente olha e não sabe se dá uma bronca daquelas, ou se aperta as bochechas e enche de beijos. Mas, enfim, ele estava com aquela cara de quem aprontou, e eu com aquela cara de mãe apressada. A coordenadora do ensino médio se apresentou -- sim, o Gabriel tem 15 anos -- e me convidou pra ir à sala dela. E o Gabriel com aquela mesma cara. E eu evitava olhar pra ele, com medo de cair na risada na frente da coordenadora com cara de brava.

Entrei na sala dela, expliquei que estava atrasada e pedi, por favor, para ela ser breve. Resumindo bem o sermão: o Gabriel estava assistindo ao jogo de Portugal contra a Coréia do Norte, no celular, do lado de fora da sala. Até aí, tudo bem. Afinal, comprei o celular pra isso mesmo (o Gabriel é fanático por futebol). Só que, a cada gol de Portugal, ele corria para a janela da outra classe e mostrava o celular, com a repetição do gol, para os colegas que ainda estavam em aula. Detalhe: foram sete gols! É claro que ele foi flagrado pelo professor, que pegou o celular e o resto vocês já sabem.

Voltando à coordenadora: ela disse que o meu filho tumultuou a aula alheia e por isso teve o celular recolhido. O Gabriel ouvia tudo, com aquela expressão meio-contrariada-meio-orgulhosa. E eu ouvia tudo e devia estar com a mesma expressão dele. Ela continuou, disse que adora o meu filho, que ele é um ótimo aluno, educado, inteligente... mas levado. Mas e as notas baixas em física? Perguntei, como uma mãe preocupada. Ela disse então que a escola disponibiliza para os alunos um plantão de dúvidas de física, diariamente, das duas às quatro da tarde. Bingo! Decidi que o Gabriel iria ao tal plantão. Mas, imediamente, rápido como sempre, ele mandou: "nem morto! Não vou perder os jogos das três e meia!" Meu Deus, que vontade de rir! É claro que percebi que até a coordenadora-com-cara-de-brava segurou a risada.

Bem, com muita pressa, adverti o Gabriel, pedi desculpas, agradeci e me despedi correndo, atrasada. Mas quando entramos no carro... explodimos em risadas. Eu e meu filho levado. E fanático por futebol. Que sabe tudo, absolutamente tudo, sobre a Copa do Mundo. E que fez todas as apostas pra mim no bolão da TV e me deixou em primeiro lugar! Que lê todos os cadernos de Esportes de todos os jornais. Mas que também gosta de política e tem a opinião dele formada, que nem o avô consegue mudar.

E que é inteligente, educado, ótimo aluno...mas levado. Tudo isso, veja bem, segundo a própria coordenadora. E que faz aquela mesma carinha de quando era bebê e aprontava algo errado, mas sempre engraçado. A mesma carinha de quando tinha cinco anos e eu fui chamada à escola dele pra ouvir a seguinte reclamação: "O Gabriel fica correndo atrás das meninas, chamando as meninas de gostosas no recreio".

Esse é o Gabriel. Voltando ao caso de hoje, é claro que depois das risadas, dei uma bronca, só pra não passar em branco. Mas é claro também, que quero que ele seja assim... pra sempre!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Adeus, mestre

Filho de analfabetos. E Prêmio Nobel de Literatura. Integrante do Partido Comunista Português. E um dos maiores vendedores de livros do mundo. Características contraditórias, que marcam a personalidade e toda a genialidade de José Saramago.
Hoje, a cultura ficou mais pobre. A literatura menos brilhante. A política menos coerente. Os leitores órfãos. E o mundo...mais triste.
Fervoroso ateu e crítico da religião, declarou que sem a Bíblia, seríamos pessoas seguramente melhores. Mas, ao mesmo tempo, era considerado fascinante pela Igreja.
Genial, polêmico, comunista, intelectual, popular, pioneiro. Dono de palavras únicas. E frases fortes. José Saramago vai. Mas a morte dele fica. Forte, eterna... imortal.